A dor dos que sofrem não suporta mais decisões tomadas com insensatez

Presidente da Fenavega, Raimundo Holanda Cavalcante Filho, escreve sobre como a navegação poderia ter sido útil na crise de Manaus e como não foi por questões políticas.

A dor dos que sofrem não suporta mais decisões tomadas com insensatez


Se de fato estamos diante de uma guerra, aqueles que sabiam do colapso no sistema público de saúde no Amazonas devem responder pelo crime cometido pelas suas ações ou omissões insensatas e de manifesta politicagem.
 
Nesta quarta feira (20), passaram em Porto Velho (Rondônia) com destino a Manaus (Amazonas), 4 caminhões com carretas levando oxigênio para atender à crise instalada na rede pública de saúde naquele Estado.

Estes caminhões vieram das regiões sul e sudeste, trafegando por mais de três dias, e chegarão em Manaus na sexta feira (22), cuja previsão, nesta época do inverno amazônico, poderá não se concretizar, dado às condições de trafegabilidade da rodovia 319.
Ainda que se concretize a previsão de chegada na sexta feira (22), terão levado ao fim e ao cabo da viagem aproximadamente 6 dias desde a partida até o destino (Manaus).

Quem decidiu fazer o transporte rodoviário dessa carga, ou tomou a decisão por pura insensatez, desconhecendo qualquer noção de logística, assim como as opções disponíveis, ou tomou a decisão apenas com vistas ao impacto politico que o fato poderia causar.

Não se cogitou de fazer o transporte a partir do Porto de Santos, em São Paulo, direto para Manaus, em navio médio com capacidade para até 60 mil toneladas (carga equivalente a 5 mil carretas de oxigênio), que demandaria, no máximo, 5 dias para chegar em Manaus.

Poderia se levar uma quantidade de carga maior, já que a demanda diária por oxigênio em Manaus é muito superior à carga transportada pelos 4 caminhões que estão a caminho. E tem ainda outros três que estão na estrada, e que sequer chegaram ainda em Porto Velho.

Nesse mesma senda, o custo para o transporte, se realizado através da navegação de cabotagem, certamente custaria bem menos que o valor que será desembolsado para efetuar o transporte via rodoviária.
Quem pensou que transportar por rodovia seria mais rápido, e tomou a decisão de assim fazer, não tem qualquer noção de logística de transporte ou, se tem, agiu com evidente e manifesto interesse em chamar a atenção para o fato no campo político.

Mas, nesse caso, não se trata de questão política, mas de politicagem, posto que as autoridades da saúde já sabiam previamente do colapso que ocorreria no sistema público de saúdo no Amazonas.

Estamos diante de uma questão humanitária, e qualquer outro interesse que não seja o de salvar vidas, é de pura mesquinharia, denotando-se a torpeza de caráter daqueles que tem o dever de tomar decisões no interesse coletivo, e não na promoção pessoal.

Os líderes históricos que a humanidade conheceu foram forjados em tempos de extrema dificuldade, como os tempos atuais. Aos covardes a história reserva o esquecimento e a repulsa. Bem parece que nossos líderes não frequentaram a escola de Maquiavel, de quem não aprenderam que “quando fizer o bem, faça-o aos poucos, quando praticar o mal, fazê-lo de uma vez só. O que vemos é o mal sendo feito contínua e rotineiramente, tornando insuportável a dor e o sofrimento.
As mortes que ocorreram e que ainda ocorrerão devem ser creditadas a estas autoridades, que colocam seus egos a frente das suas funções.

Se estamos em uma guerra, como se tem noticiado, que todos que se omitiram, que tomaram decisões essencialmente com interesse de promoção política, deixando em segundo plano as questões de natureza científica, sejam responsabilizados pelos crimes que cometeram e continuam a cometer por suas ações ou omissões, crimes estes contra a população que se encontra entregue à própria sorte, diante de tantos desmandos e diante de tanto desgoverno.

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